Na continuaçã do nosso ciclo dedicado ao voleibol de praia e depois de olhar para o ano 2019 chega a altura de falarmos com as duplas que têm feito sucesso no Campeonato LIDL 2020. Assim ficamos a conhecer uma das duplas que tem sido constante no pódio das duas primeiras etapas.
Quem são e o seu curriculo?
Nº1 – Francisco Pombeiro, recebe em zona 1, natural de Lisboa, com 24 anos no indoor ja foi finalista da Taça de Portugual, vice-campeão nacional da 1ª divisão, atingiu as meias finais da challenge cupe e ficou em 2º lugar no campeonato nacional senior. No voleibol de praia foi tri-campeão nacional nos escalões de Subs em Sub-18 e duas vezes em Sub-20), ficou em 9º lugar no munidal em Sub-19 e no europeu Sub-20, foi vice-campeão nacional sénior e venceu o torneio WEVZA em séniores.
Nº2 – Diego Raposo, recebe em zona 5, natural do Rio de Janeiro, com 31 anos na praia foi vice-campão brasileiro Sub-21, foi tri-campeão carioca em Sub-21 e tri-campeão carioca de adulto.
Apesar de ambos serem atletas que durante o inverno fazem voleibol indoor e apenas no verão se dedica ao voleibol de praia, se há algo que a dupla Pombeiro/Raposo se diferencia pela positiva é a estrutura que tem de apoio com três treinadores (Miguel Pombeiro, Tiago Tavares e Júlio Neves), preparador físico (Thiago Boligan) e um organizador (Paulo Victoria). Pela vossa longa experiência no voleibol de praia, quanto é importante, ter essa estrutura e como vêm esta questão de variar entre o voleibol de praia e o de pavilhão?
R 1: De facto ao longo dos anos fomos percebendo que é impossível uma pessoa estar responsável por várias áreas sendo 100% produtiva. O objetivo de termos uma equipa técnica maior, é conseguirmos dividir as várias tarefas necessárias numa equipa de modo a que cada uma esteja cada vez melhor. Para além dos referenciados temos também um nutricionista (Arthur Plácido) pois acreditamos que só conseguiremos um dia lutar com os melhores ou ser os melhores se estivermos fortes em todas as áreas.
Para mim o voleibol de praia é determinante para a época de voleibol de indoor. Mantem-me numa forma que é impossível alcançar de outro modo, mantem-me em contacto com a bola durante os muitos meses que não existe indoor e dá-nos muito volume porque somos apenas dois jogadores que não podem ser substituídos tocando muito mais vezes na bola tanto nos treinos como nos jogos.
R 2: Em qualquer que seja a modalidade é sempre importante ter uma boa “base”. Os atletas, acabam por ser os protagonistas, e a “cara” do projeto que representam, mas é obviamente muito importante, crucial até, ter uma equipa técnica forte a apoiar. Neste caso, não temos apenas, treinadores. A nossa equipa é composta pelo treinador Miguel Pombeiro, auxiliar Tiago Tavares, psicólogo Júlio Neves, preparador físico Thiago Boligan, nutricionista Arthur Celestino e organizador Paulo Victória. Quanto à variação entre indoor e voleibol de praia, eu vejo esta questão da seguinte maneira: para quem é jogador de indoor, o voleibol de praia é enriquecedor pelo factor de exigencia técnica e física. Ou seja, sendo que somos apenas dois em campo, temos de passar por todos os fundamentos do voleibol em geral, o que nos deixa mais preparados e capacitados para a época de pavilhão..
Se há uma grande diferença entre o voleibol masculino de pavilhão e o de praia é na defesa pois há muitas defesas de qualidade, mesmo em ataques mais fortes e apesar do maior espaço de campo para defender. Como é defender no voleibol de praia? Já agora, entre os dois quem acham que é mais forte a defender?
R 1: No voleibol de indoor o alcance é maior e a bola é um pouco menor o que aumenta a dificuldade na defesa a meu ver. Como existem condicionantes externas como o vento, areias diferentes, etc a forma como estamos predispostos a atacar forte é diferente também o que leva a um maior numero de bolas colocadas que aumenta o número de possíveis defesas também. Tudo isto torna sem dúvida o voleibol de praia mais espetacular do que o indoor porque a existência de mais rally’s cativa quem está a ver. Temos características diferentes na defesa, talvez eu seja um pouco mais rápido nas bolas colocadas e o Diego defenda melhor os ataques potentes, mas de forma geral penso que somos parecidos.
R 2: A defesa na praia requer um esforço maior do que em pavilhão pelos motivos mencionados na pergunta: campo maior, menos jogadores... maior área de responsabilidade! O voleibol de praia requer uma boa relação entre bloco e defesa, sem esquecer que é muito importante também a leitura de jogo. Uma das nossas qualidades, a meu ver, é que somos uma dupla atípica, ou seja, ambos defendemos e ambos blocamos.
Vocês os dois já tinham jogado juntos, algumas vezes, mas nunca tinham partido para um campeonato como dupla. Quais são os pontos técnicos mais fortes que vocês vêm no vosso parceiro?
R 1: O Diego no Brasil jogava só voleibol de praia por isso tem ideias e recursos diferentes de quem joga em Portugal que normalmente joga indoor durante o ano. Esta parceria permite me também desenvolver a minha defesa pois o Diego vai também ao bloco.
R 2: Além da amizade, a força de vontade, empenho e dedicação do Francisco são as melhores qualidades que encontro no meu parceiro.
Falemos agora do Campeonato de Voleibol de Praia LIDL 2020. Estamos a caminhar para a 3ª etapa com duas etapas em campo artificial (Cortegaça e Oeiras) e com rigorosas normas de segurança e saúde. Como é que foi jogar neste ambiente artificial com tantas regras? O que será diferente nas etapas em praia?
R 1: Totalmente diferente. Claro que a vontade de ganhar é sempre a mesma, mas o factor público não existir tira a magia do voleibol. Claro que entre não jogar ou jogar com estas regras preferimos jogar, mas é um campeonato completamente diferente e um pouco menos prazeroso de jogar nesse sentido. O facto de ter sido em ambientes artificiais aumenta um pouco a componente física principalmente nesta última etapa o que também altera um pouco o jogo havendo mais pontos de side out.
R 2: Devido às rigorosas regras de saúde implementadas, para a nossa segurança, deparámo-nos com um quadro completamente diferente dos anos anteriores. O voleibol de praia anda sempre de mãos dadas com vários factores que não podem ser controlados: o vento, o calor, o sol, a areia. Para respeitar as normas de seguranças impostas este ano, nós treinamos num espaço e numas condições pouco realistas, o que pode inereferir para as etapas que serão realizadas em ambiente de praia.
Sabemos que ambos vêm de uma época de pavilhão que foi interrompida a meio e foi um campeonato complicado de começar com várias regras, testes COVID-19, muitas incertezas... Como foi a vossa preparação individual este ano e como está a correr este campeonato após duas etapas?
R 1: Para mim esta paragem causada pelo covid foi muito benéfica porque consegui recuperar algumas mazelas anteriores e melhorar a minha condição física pois continuei a treinar todos os dias sendo que tinha mais tempo para descansar e para cozinhar de modo a ter uma alimentação ainda melhor e variada. Foi benéfico também pois psicologicamente precisava de uma paragem destas pois há 9 anos que não tinha férias por isso consegui fazer um “reset”. Após estas duas etapas e dois 3º lugares o balanço é muito positivo visto que há uma regularidade e que somos uma dupla nova que teve que começar do 0 muitas rotinas.
R 2: Felizmente tivemos o apoio da Ana Carolina Mendonça e do Clube Voleibol de Oeiras (CVO) desde cedo, o que nos proporcionou uma facilidade de nos começarmos a preparar na frente de todos os outros. Quanto às duas etapas já realizadas, estamos a conseguir achar uma regularidade no nosso jogo e com isso estamos a conseguir estar a altura dos objectivos propostos.
Chegamos à altura em que gostamos que os nossos entrevistados deixem uma mensagem para os leitores que vos vão acompanhando até 16 de agosto nas transmissões da VoleiTV.
R 1: A mensagem que gostaria de deixar é de que fiquem em casa, felizmente este ano há mais transmissões dos jogos por isso é possível acompanhar à distância pois quanto mais saírem de casa mais a vocês e a nós nos vão pôr em risco e menos probabilidade de continuação do campeonato haverá. Não é a mesma coisa ver em casa, tal como não é o mesmo para nós jogar sem público, mas se não respeitarmos as regras tudo isto pode correr muito mal por isso apelo a que cumpram as normas de segurança porque isto vai passar mais rápido se assim o fizermos.
Se gostam da modalidade e têm interesse que ela cresça e que cada vez mais seja muito vista, partilhem nas vossas redes sociais os resultados, links dos jogos etc. Tudo o que vocês partilham chega até nós e também nos dá motivação para continuar.
Por fim quero agradecer aos nossos patrocinadores pois é completamente impossível participarmos nos torneios e treinarmos sem a ajuda deles. Para se levar o voleibol de praia a sério existem muitos custos associados e nós temos perfeita noção que sem a ajuda da VILT, REMAX João Cardoso / João Duarte, COFIDES, FITNESS HUT, HEALTHY & ACTIVE, SULACCOUNT, MONTE DA RUXA, FY NATURE e CÂMARA DE CASCAIS não conseguiríamos jogar esta modalidade de que tanto gostamos.
R 2: Desde já, agradecemos o apoio de todos os que nos têm acompanhado. E para quem ainda não nos acompanha sigam a nossa página de instagram, onde publicamos informações sobre este projeto, divulgação das nossas parcerias, pois sem eles nada seria possivel. @pombeiroraposo ;)