Fechamos este ciclo de entrevistas com treinadores com experiência internacional com chave de ouro, é um dos nomes incontornáveis do voleibol mundial como jogador passou pela UEL (Universidade Estatal de Londrina), Londrina e Londrina Country Club, como treinador de seleções foi auxiliar de seleção brasileira infanto-juvenil, da seleção brasileira juvenil e da seleção brasileira adulta B, foi treinador principal da seleção brasileira infanto-juvenil, seleção brasileira juvenil, seleção da Colômbia Senior e Sub-23 e da Seleção do Qatar Sub-19, Sub-21 e Sub-23. Como treinador de clubes passou pela Prefeitura de Rolândia, Umuarama, Canadá Country Club, Grémio Londrina, Consórcio União/Londrina (PR), Sesi Esporte de Uberlândia (MG), Wizard/Campinas (SP), Ulbra/Upttime e está atualmente no Lusófona Voleibol Clube desde de 2019.
Além da experiência, tem também vários títulos como são cinco Medalhas de Ouro no Campeonato Mundial Infanto-Juvenil (1991, 1993, 1995, 2001 e 2003) e um Medalha de Prata (2005), oito Medalhas de Ouro no Campeonato Sul-Americano Infanto-Juvenil (1992, 1994, 1996, 1998, 2000, 2002, 2004 e 2012) e três Medalhas de Prata (2008, 2010 e 2014), uma Medalha de Ouro nos Jogos Mundiais da Juventude (1998), três Medalhas de Ouro no Campeonato Sul-Americano Juvenil (1994, 2006 e 2010), duas Medalhas de Ouro no Campeonato Mundial Juvenil (2007 e 2009) e uma Medalha de Prata (1995).
Quem é?
Percy Oncken, nascido em Iguaraçu, Brasil com 59 anos atualmente, graduado em Educação Física, 24 anos treinador das seleções de base masculina do Brasil, treinador da seleção senior e sub 23 da Colombia, 3 anos treinador das seleções de base do Qatar, atualmente treinador do Lusofona Voleibol Clube.
Todos concordamos que o Professor Percy Oncken é um nome incontornável do voleibol mundial com um vasto leque de títulos internacionais e com passagem por tantos países. Com a sua visão e experiência o que destaca no voleibol de Lisboa?
Apesar de conhecer Portugal desde muito tempo, participando de formações que meu amigo e irmão, João Diogo promovia na Universidade Lusófona, não conhecia muito da estrutura do voleibol de Portugal e muito menos de Lisboa, e nesse curto período de tempo aqui percebi que a formação de atletas no escalão masculino sofre muito pela falta de atletas e ao contrário, uma bela surpresa foi o escalão feminino que tem praticamente o triplo de atletas praticando o voleibol em comparação ao masculino. Portanto acredito que o voleibol feminino de Lisboa e em consequencia o de Portugal tem grandes possibilidades de crescimento interno e no nivel internacional.
O Professor Percy Oncken trabalhou muitos anos com a realidade de formação, em especial masculina. Que todos concordamos que a nível de Portugal há uma crise com falta de atletas masculinos. Como é a realidade no Brasil? Como acha que essa situação poderia ser invertida no futuro?
A realidade brasileira também sofre em termos de quantidade de atletas a praticar voleibol especialmente no masculino, porém o trabalho de formação nos clubes continua e os campeonatos desenvolvidos nos estados continua sendo fortes e também há campeonatos brasileiros divididos em 3 niveis , especial, primeira e segunda divisões, que são disputados por seleções estaduais, obviamente o nivel dessas competições é mais alto que o praticado pelos campeonatos disputado por clubes. E após observação de todos esses campeonatos, as seleções nacionais de base são constituidas para as competições internacionais.
Ao nivel de Portugal, não posso falar do projeto de desenvolvimento de atletas por parte da F.P.V. porque não o conheço, o que posso falar é sobre o que experimentei ao longo dos anos.
Se há crise na formação, há de se buscar soluções, tenho escutado de muitos treinadores portugueses que o masculino atualmente está na Unidade de tratamento intensivo, portanto esse é o ponto de partida para buscar soluções. As soluções passam obrigatoriamente por acções desenvolvidas pelos clubes e também pela F.P.V., não há a menor chance de crescimento se somente uma dessas entidades ficar com a responsabilidade de o fazer.
O Professor trabalhou com seleções jovens no Brasil durante mais de 20 anos, desde os anos 90, com imenso sucesso. O que sentiu ter sido mais relevante naquela altura para o sucesso naqueles anos? Pelo que conhece do que se faz em Portugal, acha possível transportar algumas dessas ideias para a realidade portuguesa?
Acho que o que nos ajudou muito a ter relativo sucesso, foi primeiro, a quantidade e qualidade dos jovens com óptimo biotipo e segundo, talvez, o mais importante a CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) entendeu que o investimento na formação de atletas era a garantia para o futuro, e portanto investiu muito no programa de preparação de jovens atletas (concentrações periódicas de atletas, jogos amigáveis internamente e jogos amigáveis no nivel internacional e finalmente a competição alvo), acredito que resultou muito, porque o nivel de jogo desenvolvido por lá permanece alto há pelo menos 20 anos seguidos.
Para a realidade de Portugal, obviamente não há como realizar programas de desenvolvimento sem um bom recurso financeiro, primeiro passo é garantir isso.
Segundo, em termos geograficos a situação é espetacular, pois muitos dos paises vizinhos têm excelentes programas para jovens, notadamente França, Italia entre outros, portanto não há a necessidade em cruzar o Atlantico para confrontar com os melhores.
Terceiro, diferente da America do Sul, há 3 importantes competições na formação no continente europeu, sub 16, sub 18 e sub 20, os programas podem em função das caracterisiticas e quantidade das competições serem mais ricos no processo de formação de atletas a longo prazo.
A função do clube nesse processo é massificar o voleibol, e a função da F.P.V. é identificar os atletas com perfil internacional nos clubes e ajuda-los no desenvolvimento, até efetivamente defender as cores da seleção portuguesa. A boa competição interna é essencial para detectar os jogadores especiais, e esses jogadores especiais participar juntos, de competições preparatorias que exigem o maximo de cada um, devem fazer parte de qualquer programa de formação a longo prazo.
Com a pandemia da COVID-19, a Lusófona Voleibol e o Professor Percy Oncken têm organizado um conjunto de conversas muito interessantes com nomes incontornáveis do voleibol mundial como Bernardinho, Raul Lozano, Rubinho, José Roberto e Stefano Lavarini. Como têm corrido essas conversas no seu ponto de vista?
Algumas coisas positivas tiramos desse período de isolamento social como abrandar a velocidade da vida diária, arrefecer o coração, e o melhor do ser humano pode ser visto nesse longo período, um deles foi a partilha de informações e nesse aspeto meu amigo João Diogo Saudade e Silva, foi brilhante ao iniciar as LIVES , é certo que a grande qualidade dos convidados elevou imensamente as convervas.
Foram verdadeiras aulas de voleibol, em todos os aspetos que o voleibol oferece, tais como técnica individual, táctica aplicada, direção de equipe, direção de grupo, relações interpessoais, plano de jogo, preparação para trabalhar no estrangeiro dentre outras. Eu que completo 40 anos em 2020, de trabalho no campo de voleibol tive a honra em participar e aprender imenso com esses notáveis do voleibol, quem perdeu, não deixe de ver no canal do Lusofona Voleibol Clube do Youtube, porque certamente algo vai servir para o seu crescimento como treinador de voleibol.
Os treinadores gostam sempre de procurar partilhar experiências e ouvir treinadores de currículo como é o caso do Professor Percy Onken que já veio a Portugal, ainda antes de fazer parte dos quadros da Lusófona Voleibol, partilhar essas experiências. Agora a Universidade Lusófona e a Lusófona Voleibol estão a organizar o Congresso Internacional de Voleibol que irá acontecer entre os dias 4, 5 e 6 de Setembro, que terá como preletores Percy Oncken, Marcel Matz e Gersinho, entre outros, o que podem os treinadores esperar deste grande congresso?
Certamente será um grande evento de voleibol, uma vez mais a Universidade Lusófona e o Lusófona Voleibol Clube através das brilhantes idéias de João Diogo, mais uma grande oportunidade em partilhar conhecimentos e discussão de temas do voleibol. Para o Percy será uma grande honra e uma felicidade sem tamanho, pois considero essa formação como o encontro de 3 amigos que em certo momento viveram grandes momentos juntos em seleção brasileira, pois fomos juntos, Campeões Mundias sub 21 em 2009 na India, e, considero Marcel e Gersinho dois dos melhores técnicos jovens brasileiros e certamente serão no futuro próximo grandes nomes do voleibol mundial.
Quis o destino que nos juntassemos em terras portuguesas, e, certamente depois de conhecer um pouco mais as caracteristicas do voleibol local, tentaremos ajudar que o treinador tenha visão aberta e futurista em relação ao voleibol local e mundial.
Por fim, que mensagem gostaria de deixar para todos os treinadores de lisboa, estejam eles a começar ou não para o seu futuro.
Com tantos momentos maravilhosos com grandes nomes do voleibol mundial nas LIVES que conduzimos, todos os grandes entrevistados tem uma afinidade
1 – HUMILDADE
2 – Estudam o voleibol a serio.
O Que acredito ser importante para o teinador é exatamente nessa linha, não tente ser melhor que ninguém, cada ser humano é único, tente sim, ser melhor que você mesmo em relação a ultima epoca, FORTALEÇA sempre os seus conceitos técnicos, tacticos, gestão de pessoas enfim todas as nuances que o voleibol oferece, seja INQUIETO na busca do saber, e treine muito sua equipe nas condições favoraveis do jogo e treine muito mais ainda nas condições desfavoraveis do jogo. Boa sorte.
“Quanto mais treino, mais sorte tenho”
Bernardinho