No seguimento daquilo que têm sido as entrevistas do site da Associação de Voleibol de Lisboa continuamos com os técnicos da nossa casa.
Desta vez é o homem que está no terreno nas atividades como os projetos de Gira-Volei e Gira-Praia e com as competições de Minivoleibol e Voleibol de Praia. Formado em Ciências do Desporto na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, treinador de Grau III ja foi treinador na formação da Lusófona Voleibol entre 2005 e 2009 e desde aí é treinador da formação do Sport Lisboa e Benfica, foi treinador adjunto da Seleção Nacional Sub-17 2014-2016 e é um dos perletores habituais dos cursos de treinadores.
Quem é?
Marco Miguel Silva, 35 anos, Coordenador Técnico de Atividades
Como técnico responsável pelo Minivoleibol, que avaliação faz da época regional 2019/2020 com esta situação de pandemia e o seu efeito a nível regional?
O Circuito regional Minivoleibol foi interrompido após 8 torneios realizados, ficando por realizar 4 torneios , os dois últimos com especial relevo dado que serviam como preparação para as equipas apuradas da AVL para o Encontro Nacional de Minis, jogando as 10 melhores equipas de Minis B num sistema todos contra todos , 2 encontros mais longos e com mais tempo voleibol com árbitros oficias, com mais convívio com objectivo proporcionar a todos os Mini atletas boas experiências no voleibol.
Esta pandemia não permitiu o desfecho dos 12 torneios, não atribuindo prémios de campeões regionais, mas posso destacar que a qualidade média das equipas é cada vez melhor. Cada vez mais os clubes investem na captação e organização do seu Minivoleibol. Constatamos ano após ano , o surgimento de mais equipas de Infantis.
Na época, 2019/2020 houve uma mudança no número de encontros, como sentiu que correu? Acha possível a sua continuidade? Equaciona propor mudanças aos clubes?
Para a época 19/20 a organização dos torneios passou de um seguimento de um torneio por zona e um torneio central. Este modelo permite um maior tempo de prática e a redução das deslocações por parte dos atletas . Os dados que dispomos levam a crer que este modelo é o mais adequado para o funcionamento do circuito regional minivoleibol. Todos os clubes devem ter em atenção que não devemos sobrecarregar os próprios em deslocações extra ou despesas extra, bem como aliviar um aumento de deslocações por parte dos pais sabendo que nestas idades esse apoio é fundamental.
No entanto devemos estar atentos aos números, sabemos que a decisão de dividir a área da AVL em 3 zonas criou algum desiquilibrio . Vamos propor aos clubes na habitual reunião preparação da próxima época, a redução de 3 zonas para 2 zonas com uma divisão entre Este e Oeste, sendo que vamos ouvir as suas sugestões e quem sabe poderemos em conjunto encontrar soluções ainda melhores. Todos devem ter a noção que a realização de mais torneios , a divisão entre Minis A e Minis B só irá trazer mais dificuldades acrescidas na logística e organização dos mesmos, e que o circuito de minivoleibol para ser realizado está dependente igualmente da candidatura dos clubes ou escolas que o recebem.
A organização do modelo competitivo , atribuição de pontos em cada torneio revelou ser uma forma justa de valorizar as equipas com melhor prática.
É também o técnico responsável pelo Gira-Volei, sabendo que este ano não foi possível realizar as finais regionais e nacionais, como vê a época 2019/2020?
Em primeiro lugar, quero referir que o projecto giravolei em Lisboa teve uma evolução do número de participantes em cerca de 40% entre Setembro 2019 e Fevereiro 2020, no total cerca de 4800 gira atletas estão neste momento inscritos e com participação regular neste projecto, sendo que na época passada inscritos estavam 3400.
Este projecto formou dezenas de professores educação física capacitando-os a melhorarem a sua intervenção em aula/treino. De referir que esta ligação á escola é essencial para a criação de novos pólos e clubes onde se possa praticar voleibol .
O projecto Giravolei tem sido muito bem recebido por parte dos agrupamentos de escola , a relação que o departamento técnico tem com os professores nas escolas tem revelado proximidade e credibilidade de forma a podermos projectar outras formas de envolver mais os jovens, e que este projecto seja um projecto da escola, com futuro , trazendo mais jovens para a modalidade.
Além do enorme aumento de atletas e escolas envolvidas, levou a criação de projectos de referencia.
O clube giravolei da Escola Gama Barros , levou a criação do escalão de juvenis masculinos federado.
O projecto de voleibol do Agrupamento Escolas Madeira Torres, tem como base o projecto giravolei nas escolas 1º ciclo com mais de 600 alunos inscritos.
O Colégio Cesário Verde surge como centro giravolei e tem participado nos encontros minivoleibol com equipas masculinas.
Posso dar-vos a garantia que não iremos descansar enquanto não conseguirmos levar o voleibol a todas as escolas, espaços recreio da nossa associação.
Esta época o Encontro Regional Giravolei de Lisboa estava planeado para fazer parte das comemorações de Odivelas Cidade Europeia do Desporto , iriamos em parceria no dia 8 maio levar este evento para o Pavilhão Multiusos de Odivelas. Apesar do cancelamento da prova regional, com toda a certeza poderemos nos próximos anos voltar a Odivelas.
Não fosse a pandemia estaríamos hoje a falar de Voleibol de Praia, mas a sua realização está em dúvida. Ainda pensa ser possível realizar?
A AVL tem um projecto ambicioso para o Voleibol Praia 2020, parcerias com entidades que iriam permitir realizar torneios de voleibol praia abertos para séniores, além do funcionamento do Centro Treino Voleibol Praia AVL/FPV/Cascais , realização do circuito regional gira praia e etapa nacional gira praia. Os campos voleibol praia de carcavelos iriam como tem sido hábito pelas suas condições de excelência ( parceria CMCascais, 4 campos, rede proteção, bons acessos, balneários) ser o centro do voleibol praia de lisboa onde tudo iria acontecer. Estamos a falar de 3 meses em que todos os jovens atletas poderiam usufruir de torneios organizados, treinos planeados e excelentes momentos de voleibol praia. Temos planeado a realização de 3 torneios abertos sénior masculino e feminino.
Temos tudo preparado, caso seja possível ter autorização das autoridades para realizar os eventos, os contactos que temos feito encaminham para um possível cancelamento de todas as atividades da praia.
Caso não seja possível realizar a época voleibol praia, a AVL irá preparar a época de praia 2021 , certamente irá contar com uma enorme adesão por parte dos jovens e séniores.
Quero deixar uma palavra de agradecimento pela confiança que os clubes e nos encarregados educação depositam neste projecto, deixando os seus filhos ao nosso encargo durante a época de verão.
Como treinador de voleibol, como usou esta paragem? Promoveu treinos e reuniões à distância com as suas atletas? Procurou seminários e conferencias online?
Tentei na medida do possível manter os atletas ligados no voleibol, sabendo que muitas vezes com a organização das famílias em casa e a partilha de espaços e dispositivos informáticos bem como a manutenção da escola não permite um envolvimento elevado. Uma certeza , todos sentem imensa saudade de treinar e jogar!
Por fim, que mensagem gostaria de deixar para o mundo do voleibol, em especial aos colegas treinadores e atletas.
Temos ter todos muita paciência, aproveitar esta pausa para reflectir , estabelecer prioridades, este refrear no ritmo de vida poderá servir para nos reorganizarmos, para melhorar práticas nos clubes, práticas no treino. O Voleibol só poderá ser mais forte se todos remarem no mesmo sentido, de forma honesta e mais profissional.