sexta-feira, 03 julho 2020 06:52

Entrevista Miguel Tavares

Leia o distribuidor português em discurso direto

Na sequência do ciclo de entrevistas a atletas que representaram Portugal no EuroVolley 2019 e fizeram a sua formação em Lisboa conhecemos hoje o distribuidor que fez a sua formação na Associação Desportiva Marista e no Sport Lisboa e Benfica, atleta internacional pelas seleções jovens desde 2007 com 14 anos, teve a sua primeira convocatória para a seleção senior com 19 anos, em 2012 fazendo parte da Seleção Nacional que conquistou a Challenger Cup em 2018 que permitiu a Portugal marcar presença na Volleyball League Nations em 2019.
Nos clubes depois da sua formação ainda integrou a equipa senior do Sport Lisboa e Benfica antes de voar para outros campeonatos internacionais onde jogou na Itália no Piacenza, em Fraça no Tourcoing e Rennes e joga atualmente na Polónia onde representa o Cuprum Lubin. Ja conta com o seu histórico por um Campeonato Nacional de Juvenis, três Supertaças de Portugal, duas Taças de Portugal e dois Campeonatos Nacionais tudo conquistado no Sport Lisboa e Benfica além disso venceu um Campeonato Francês Pro B e uma Taça de França pelo Tourcoing além de ter conquistado o prémio individual como Melhor Distribuidor do Campeonato Francês Pro B em 2016/2017 e Melhor Distribuidor do Campeonato Francês por duas vezes 2017/2018 e 2018/2019.

Quem é?

Miguel Tavares Rodrigues, Distribuidor, natural de Lisboa, com 27 anos. Actualmente estou a jogar na Polónia, no Cuprum Lubin. É um dos melhores campeonatos para se jogar, muito competitivo, com muitos jogadores de classe mundial, num pais onde o voleibol passa todos os dias na televisão.
Irei continuar para a próxima temporada e estou ansioso por começar.

És convocado para a seleção nacional desde 2012, já venceste uma Taça Challenger pela nossa seleção, jogaste na Liga Mundial, VNL, Golden League e em 2019 estreaste-te num EuroVolley. Como é ouvir o hino de Portugal em tantos países?

Por mais vezes que se oiça o Hino, é sempre como a primeira vez. É como se fosse uma “chamada” ou uma “Wake up Call” com o objetivo de nos lembrar e de nos motivar para a batalha que está prestes a começar. É um momento muio patriótico, e de um grande privilégio, ter a oportunidade de representar o nosso país.

Ainda sobre o EuroVolley, como foi toda essa experiência em França? Que histórias e memórias trazes do estágio e da prova?

Foi uma experiência difícil. Tivemos pouco tempo de preparação. Tivemos 3 jogos de treinos logo na primeira semana de preparação, após mais de 1 mês de férias. Claramente não estivemos ao nosso melhor nível. A preparação é tudo no desporto. Histórias do estágio são essas. Começámos a estagiar em Vila Flor numa segunda feira se não estou em erro, e na quinta tivemos o primeiro jogo de treino contra a Eslováquia. A Eslováquia já ia na sua 5a semana de preparação. Nós na primeira. Passadas 3 semanas fomos para França para jogar a competição mais importante que tivemos desde que cheguei a seleção. Para mim, e para muitos outros, era o primeiro europeu. Conseguimos bater nos de igual para igual com a Bulgária, mas perdemos 3-1. E depois de ganhar 3-1 a Grécia fomos para o último jogo contra a Roménia para ganhar. Infelizmente não conseguimos, perdemos 3-1,  e depois de algumas horas percebemos que tínhamos ficado de fora por um ponto. Mas logo após o jogo terminar, nenhum de nós sabia se tínhamos conseguido o apuramento ou não.

Fizeste a formação em Lisboa, depois de te tornares internacional já jogaste pelo Benfica, Piacenza em Itália, Tourcoing e Rennes em França e Cuprum Lubin na Polónia. Sentes que a tua experiência nestes campeonatos internacionais são uma mais valia quando representas Portugal?

Não sinto que seja a experiência que seja importante. Acho que a quantidade de realidades diferentes pelas quais já passei, todos os jogadores de nacionalidades diferentes com quem partilhei conhecimentos, com todos os treinadores com quem discuti sobre uma coisa ou outra, as diferentes escolas de voleibol (italiana, francesa, polaca) e sem deixar de fora as diferenças na mentalidade das pessoas do país onde estamos. Aprendi tanto nestes anos por estar fora do país e de ter de me adaptar para conseguir tirar o melhor de mim dentro de campo que acho que isso deveria ajudar a nossa Seleção.
É sem duvida uma mais valia quando entro dentro de campo e conheço os jogadores com quem jogamos. E sei os pontos fortes e fracos da maioria deles porque nos campeonatos por onde passei joguei contra muitos jogadores de muitas seleções diferentes.
No entanto, acho que ainda estou no início e que ainda tenho muito a aprender e muito a melhorar. Sou muito curioso, e gosto de desafios, e gostava de ajudar a colocar a seleção de novo num campeonao do mundo. Ou nuns jogos olímpicos, pela primeira vez. Temos que ser ambiciosos. Se os outros países conseguem porque é que nós não havemos de conseguir?

Este ano estava prevista a organização de mais um Challenger Cup em Gondomar que foi adiada para 2021, quais são as aspirações portuguesas para essa prova? Pensas que seja possível voltar a ver Portugal numa VNL junto das principais seleções em 2022?

Acho que temos de nos preparar muito bem para essa competição. Apesar de não estarmos na VNL, vamos jogar contra equipas que querem la estar como nós. Cada equipa tem os seus pontos fortes e fracos, por isso o que fará diferença será a preparação para a competição. Quando falo de preparação, não me refiro ao estagio de pre competição que acontece antes da competição e após os campeonatos de clubes acabarem.
Refiro-me a partir de agora. Sabemos quando terá lugar a competição e sabemos que o objetivo é ganhá-la. Não há desculpas. Temos 1 ano.

És filho de uma grande ex-jogadora de voleibol e um ex-treinador de voleibol, sentes que isso foi uma das razões que te fez ires para o voleibol?

Talvez. Acredito que o facto de a minha mãe ter continuado a jogar depois de eu nascer contribuiu para eu crescer nos pavilhões (porque o meu pai também continuava a ser treinador), ou seja, vi centenas de jogos nos meus primeiros anos de vida. Isto acredito que tenha contribuído para ter aprendido mais rapidamente os fundamentos base do voleibol.
Mas na infância experimentei muitos desportos diferentes. Natação, futsal, futebol, ténis, equitação. Enfim adoro desporto.
Acho que em última instancia acabei por me dedicar exclusivamente ao voleibol porque era o desporto que me divertia mais.

Gostamos de fechar com os entrevistados a deixar uma mensagem para os nossos leitores, muitos deles, de certeza, que com o sonho de um dia vestir a camisola nacional.

Acho que a única mensagem que posso deixar a quem tem o sonho de vestir a camisola nacional é : Treinem. Quando tiverem cansados treinem mais. Nos tempos livres vejam jogos de volei. Sigam o vosso ídolo. Se forem zonas 4 e querem atacar como o Leon vão ao youtube e vejam no a atacar. Também se aprende assim.
No fundo é de investir o nosso tempo para tentar alcançar os nossos sonhos.

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